terça-feira, 30 de junho de 2020

Pó apaixonado

"Serei pó mas pó apaixonado", Quevedo
Há frases tão intensas que nos deixam assim. Sem mais palavras.


Isaac Julien - Dreaming Red (from True South), 2009

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Não sei bem qual o motivo

Não sei se é por ser segunda-feira, ou por ter mudado a hora, ou por estar frio, ou por me ter acabado o café, ou por ter perdido o jogo ontem e por ter jogado mal, ou por estar a despedir-me do outubro, ou por estar uma ventania lá fora, ou por ter o IMI para pagar, ou por não ter conseguido bilhetes para o concerto do Fausto, ou porque cortei uma unha demasiado rente à carne, ou porque a água do banho hoje não estava quente. Estou estou impossível. E quando eu própria reconheço...

Go Away, Mel Bochner, 2009

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Cintura de calor

Seguravas-me na cintura
Como se quisesses abraçar
Toda a linha do Equador.
Olhavas-me
Penetrante
Sem norte
Aceso a sul

"O Rapto da Proserpina", Gian Lorenzo Bernini




quarta-feira, 28 de março de 2018

Vontades de Primavera

Tenho vontades de Primavera. De me vestir de amarelo. De andar a pé sem casaco. De abrir a janela sem chuva. De beber água fresca e limão. Do bailado das andorinhas. Das avenidas de jacarandás. Das azedas amarelas junto à estrada. Das saladas com mel. Dos pirilampos. Das conversas longas ao fim da tarde. Do vento morno que acaricia. Das camisas brancas. Dos gatos ao sol. De ouvir música alta. Das esplanadas cheias. Da alegria do sol.

Omar Hassan, Breaking Through, 2017

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Inteligências

Li, de fugida, esta passagem do António Lobo Antunes: "nada se compara ao espectáculo de duas inteligências em movimento". Diz ele, e eu concordo, que é um deleite ouvir uma boa entrevista ou uma boa conversa entre duas inteligências. Inteligências interagindo.
Saber ouvir o outro é uma qualidade, permitir que isso aconteça durante uma conversa ou uma entrevista é um luxo. É tão bom ouvir ouvir os silêncios, as pausas de uma pessoa inteligente. Ouvir a respiração, entender o seu olhar, escutar-lhe o palpitar do coração, respeitar-lhe as pulsações. Não é maior quem fala mais alto. É maior quem aprende com a inteligência dos outros. Não é maior quem grita e esperneia apressado. Inteligência é saber ouvir. A inteligência sente-se, mesmo no silêncio.




quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Quando estou prestes a dominar o mundo

- Quando estou prestes a dominar o mundo, adormeço.
- Adormece?
- Sim, bocejo e depois durmo.
- Isso é estranho.
- Pois, não sei. Dominar o mundo sempre me aborreceu. Prefiro uma sesta.

Gonçalo M. Tavares, in O Torcicologologista, Excelência




segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Ao anoitecer

Há finais de dia mais marcantes do que outros. Em tempos contava-se uma história, talvez uma lenda, em que ao mesmo tempo que se via o último centímetro de sol no horizonte ouvia-se simultaneamente um suave assobio, um silvar aveludado que só alguns escutariam. Hoje, entardecer de ansiedades, ouvi o assobio do pôr-do-sol.

 

terça-feira, 7 de abril de 2015

O melhor

O melhor da minha Rádio. E há-que elogiá-los, os grandes homens, sempre. Principalmente enquanto estão(mos) vivos, enérgicos, activos. No dia em que partiu o grande Tolentino, venho aqui elogiar o "meu melhor". O Fernando Alves é o melhor da minha Rádio. Em minha opinião, é o melhor da Rádio toda. É meu mestre, o meu exemplo. O poeta da Rádio, sim. Ninguém faz Rádio como ele. O homem que faz filigrana com as palavras, o homem que escreve com arte e diz com coragem. O homem inquieto com a passividade dos outros. O homem desassossegado com o que se passa à sua volta. O homem que repara no que mais ninguém repara. O homem que todos devem ouvir. O homem que me ensina todos os dias. O meu querido Fernando Alves, que eu adoro e tanto admiro. És o melhor de todos!



segunda-feira, 30 de março de 2015

Uma música que escorre dos céus









O Mar, Fausto Bordalo Dias

E todo o mar se cobriu de infinitas riquezas
de anil e sedas e jóias e de odoríferas drogas
de si deitava nas praias moscatéis e licores
adoçando de sua bravura
o mar
nas margens adamascadas andam náufragos dispersos
mariscando lagostas ostras choupas taínhas
e bebem vinhos distintos de singulares aromas
se anda ao longo da costa em ofertas
o mar

E entregou Leonor
seus cabelos aos ventos
na quietude tão só
tão ausente de tudo
e mais quieta era a luz
no sossego das águas
e uma música escorre dos céus
devagar

E fazem tendas de aduelas de alcatifas majestosas
de outras peças de ouro e prata de cambraias e cetins
cobertas de colchas vermelhas de rosários de cristal
mas mais garrido do que toda aquela praia
o mar
e fazem velas das camisas e outras de damasco verde
as amarras de outros panos de veludo carmesim
de um remo fizeram o mastro
e a enxárcia de uma linha
e tão docemente embala este batel
o mar

Se todo o mar se cobriu de infinitas riquezas





terça-feira, 10 de março de 2015

Distraio-me com facilidade nos regressos

Distraio-me com facilidade nos regressos. É assim no carro, no metro, no comboio ou no avião.

Na idas sinto sempre uma tensão que faz com que torne fosca a luz do sol lá fora. Sinto que passo à pressa pela margem do rio sem o mimar. Atiro um olhar fugidio para o céu, olhar egoísta só para ver se me vai chover em cima. Às vezes nem tenho a certeza se o miro nos olhos. Deslizo o nariz pelos novos cheiros de pólen primaveris, mas não os sinto como merecem. Trituro a paisagem rasgada pela velocidade do lado de fora do vidro, sem vibrar. 

O regresso é diferente. Quase sempre já noite. Quase sempre já mais calmo. Silencioso, dócil, lento. Regresso com calma e com um leve sorriso distraído. E distraio-me com facilidade. Perco-me nos detalhes que ontem, também no regresso, não tinha reparado. Invento trajectos porque já não tenho pressa para ir pelo mais rápido. Esqueço-me dos mapas, das regras, dos ruídos, das preocupações. Cansada, mas mais solta. Exausta, por vezes, mas mais leve. Mais disponível para a surpresa. Mais atenta por estar distraída. Mais viva por estar de regresso.

A vida passa mais depressa nas idas.
  


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

BES 4 You, Mister Prime Minister

Reparem nesta pérola que estava na empresa que Passos Coelho visitou hoje. 200 perguntas sobre o BES e 52 cartas. Serão as de Ricardo Salgado?
BES 4 you, Mister Prime Minister...



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Da selvajaria ou a savana à portuguesa

Vinham em barda. Corriam como búfalos na savana. Cabos e microfones. Câmaras de televisão e flashes de fotografia. Saltos altos, mini-saias. Pastas e pastinhas. Assessores para dar e vender. Seguranças de auricular no ouvido. Altos, atentos. Cada Ministro e Secretário de Estado fazia-se acompanhar pela sua tropa. Era um enxame de abelhas à volta de um homem. Encontrões para cá, encontrões para lá. Pisadelas e amassos. “Céus, parece uma acção de campanha!”, desabafavam alguns.

O homem dos holofotes parava nos pontos estrategicamente indicados na lista pré-definida. A senhora baixinha da BTL, com uma pasta na mão, trazia um mapa fotocopiado com a planta da feira. Os stands estavam assinalados com marcador grosso cor-de-laranja. Era onde o homem dos holofotes teria de parar, nos stands “recomendados”. As abordagens friendly resultam sempre muito naturais, acreditam eles.

Os jornalistas, triste figura, atrás da “boca” de circunstância. Que mensagem informativa se passa com este tipo de trabalho? Enfim. Vinham em barda, sim. Corriam como búfalos na savana, sim. Agora uma pergunta de circunstância: “então não prova os doces, senhor Primeiro-Ministro?” E a resposta de circunstância. Vazia. E seguia a banda. E agora outra pergunta de circunstância, mas – importante - para o directo da tv. Ajeita o cabelo, sabe que está na tela. Estridente a perguntinha: “e tem motivos para brindar? Vai brindar ao quê, Senhor Primeiro-Ministro?” Gargalhadinhas dos assessores e daquele amontoado de gente. E a resposta vazia. E mais uns empurrões. E segue a banda.

O gabinete do PM tinha avisado que ele não iria falar com a imprensa à margem do tema do dia, o Turismo. Falaria no palanque sobre isso e mais nada. Era a informação oficial do gabinete. Mas das duas uma: ou o PM não sabia disto, ou não cumpriu o estipulado.

Conhecendo as falhas na comunicação do gabinete do chefe do Governo de Portugal, os jornalistas, ou pelo menos os que por ali andavam de microfone estendido debaixo do queixo do homem como que à espera da esmola da boca vazia, insistiam.

E não é que entre os queijos de São Jorge, as cortiças do Alentejo e os tamancos do Minho o homem falou sobre o Plano Grego apresentado em Bruxelas? E não é que com os dedos peganhentos da Ginginha e à frente do boneco cabeçudo do Galo de Barcelos, o homem falou sobre a Grécia? Não é inacreditável? Não há sentido de Estado na savana.

Não sei o que é pior. Se a barda de jornalistas a prestarem-se a esta figura ou se o homem dos holofotes a prestar-se àquilo. Venha o diabo e escolha.

Siga a banda. Em barda, como eles gostam. “Para parecermos muitos”.






sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sonho silencioso


Há menos de dois anos estive no Japão. Foi a viagem da minha vida. Hoje acordei lá. Sonhei que estava no Japão. Talvez em Kyoto, era lugar incerto. Havia cores, havia imagens, telhados, casas, memórias misturadas talvez. Havia jardins, palácios, árvores. Havia plantas, flores, pedras, pontes, caminhos, trilhos. Sim, havia trilhos estreitos. Seguros, esverdeados, húmidos. E eu por ali andava, em silêncio, em paz. Não havia pessoas. Ou se havia, estavam caladas a observar-me. O sonho silencioso do Japão voltou a atacar-me.



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Dedos petulantes

É nas épocas de aperto que maior é a minha necessidade de escrever. É quando não tenho tempo para nada que os meus dedos me pedem descanso do trabalho e visitas à escrita.
É quando passo mais horas ao computador que mais sinto necessidade de vir visitar-te, querido Diário. Esta mania terrível de os meus dedos tomarem conta de mim, de abusarem do meu tempo, de dominarem a minha vontade... Irritam-me vocês! Sim, os dez. Seus dedos petulantes!
Agora, que já arejaram, importam-se de me deixar voltar ao recato do trabalho?




sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A Mimi

Vi-a no Verão passado. Estava queimadinha da praia, vestido leve e floral, sandálias baixas, pés tratados, cheia de colares e pulseiras coloridas. Tinha um ar saudável e feliz.

Cruzámo-nos na rua e rasgou um sorriso gigante, muito branco, olhos muito brilhantes e um sonoro “olá, há tanto tempo!”

A Mimi era mais velha que eu uns anos. Nunca estudámos juntas, ela era da Comercial, eu do Liceu. Na verdade nem sei bem como ou quando nos conhecemos. Teremos estado juntas em algum jantar de amigos comuns, em alguma festa.

Nunca conversámos sobre a nossa vida, falávamos sempre de passagem, dizíamos sempre um “olá” sorridente, seguido de um “tudo bem?”. A Mimi tinha sempre um mimo: “estás tão linda” ou “cada vez mais bonita” ou “vi-te na televisão!”. A Mimi estava sempre sorridente e era sempre simpática.

Na última vez que nos cruzámos acenou e soltou palavras doces no meio do sorriso rasgado: “um dia destes temos que tomar um café!”

Não tomámos. Nem vamos tomar.

A Mimi foi assassinada ontem pelo homem com quem vivia. O sorriso feliz da Mimi escondia cicatrizes, agressões, maus tratos e violência. A violência doméstica é crime. A Mimi procurou ajuda, procurou fugir da morte. Já tinha feito queixas. Já tinha procurado ajuda. Voltou para casa. Voltava sempre para casa, sabendo o que a esperava todos os dias. Mas na rua sorria para os outros. Tal como sorria para mim. E tinha sempre um mimo para oferecer. E tinha sempre um sorriso bonito.

A Mimi ligou à Polícia horas antes de morrer. Queixou-se da agressão. O homem com quem vivia ia matá-la, como ameaçava todos os dias. A Polícia não apareceu logo. O caso estava sinalizado. As instituições catalogaram o caso da Mimi como sendo de “baixo risco”. A Mimi foi morta. Assassinada com uma faca de cozinha na casa onde sabia que ia ser morta um dia. Na casa onde sempre voltava ao fim do dia depois de espalhar sorrisos e mimos aos que a conheciam. A Mimi voltava a casa, o seu inferno diário, onde se ia deitar com o homem que a ia matar.

Ser Mulher não é isto. Ser Homem também não.








sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

E tu, és Charlie?

- “Eu sou Charlie!”, disse ela com toda a certeza do mundo. 
- “És? Ou gostavas de ser?”
- “Eu? Eu sou, ora essa! Sou! Somos todos! Jornalistas e não só! Je suis Charlie! Nous sommes Charlie! Todos somos Charlie! Fui à manifestação. Gritei. Emocionei-me!”
- “Mas és Charlie todos os dias? Sempre?”
Pausa.
- “Acho que sim, bolas. Faço-o automaticamente. Ajo livremente. Conscientemente.”
Pausa interrogativa.
- “Hummm… Mas… Por exemplo, enviaram um repórter a Paris para cobrir os acontecimentos?”
Pausa preocupante.
- “Não… Infelizmente não…”
- “Porquê? Por que motivo?”
- “Pelo que me disseram, não havia dinheiro para isso.”
Pausa grave.
- “Vês? És Charlie só se tiveres dinheiro para ser Charlie. Não somos todos Charlie…”
- “Non! C’est pas vrai! És um castrador! És um materialista! Não é preciso dinheiro para se dizer a verdade! Oui, Je suis Charlie!!!”
- “Só sabes a verdade se tiveres dinheiro para a procurares. A imprensa não é nem está Charlie. Era bom que estivesse, mas não está. Não somos todos Charlie, querida… Lamento desiludir-te com a realidade. Mas fica-te bem sonhar. E gosto do teu sotaque francês…”






terça-feira, 6 de janeiro de 2015

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Perco-me, aos domingos

Não sei como há quem não goste dos domingos. Acalmam-me, regeneram-me, fortalecem-me. Abro o vinho e converso sem relógio. Passo mais tempo no banho. Bebo o café sem me queimar a língua. Leio com mais pausas. Ouço melhor a música. Não ligo a televisão. Apanho boleia do vento. Vejo melhor a minha sombra. Areja-me a semana. O dia cresce. Perco-me, aos domingos. E sabe-me tão bem.



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Cavaco e os Cavalos

Conversa no Centro Equestre Internacional de Alfeizerão, no âmbito do Roteiro Presidencial sobre Economias Dinâmicas

Cavaco Silva: Este é bastante mais alto que os outros anteriores.
Criador de Cavalos: Exactamente, exactamente. Os outros têm um ano e pouco. E este já é um cavalo de sete anos, oito anos.
Maria Cavaco Silva: Os outros são bebés?
Criador de Cavalos: Os outros são bebés, exactamente. Mas temos mais pequeninos ainda.
Cavaco Silva: E onde é que tem as éguas?
Criador de Cavalos: Próximo de São Martinho do Porto, em Vale de Paraíso.
Cavaco Silva: Vai fazer viagens lá de vez em quando? [risos]
Criador de Cavalos: Não vai, não vai. A gente não os deixa.
Pessoa a acompanhar a visita: Elas é que vêm cá, não é? [risos]
Criador de Cavalos: Não. Nós fazemos assim: está aí o doutor que lhe faz a extracção do sémen. Já estamos a tentar exportar. Então fazemos palhetas e vendemos o sémen em palhetas.
Cavaco Silva: Coitado… [risos]

Pode ouvir esta conversa em audio aqui.
















segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Criatividade política inesgotável ou o momento Chapitô do OE15

Também tem piada anunciar uma descida de impostos com efeitos estimados para daqui a dois anos, sob forma de reembolso. Criatividade política inesgotável.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Informações. Conspirações. Off-shores. It's politics, stupid!

Tenho a cabeça num nó. Não consigo dormir. Excesso de informação. Trabalhar na área política e na justiça tem destas coisas. Há informação que me provoca asco. It's politics, stupid!

48 horas de conversas meio secretas, outras nem tanto, de telefonemas esquisitos e mensagens estranhas, de documentos falsos ou verdadeiros, de manipulações e jogo perigoso, de sedutores labirintos de pistas e rebuscadas teorias da conspiração.

Não sei se o mundo gira ao contrário ou se estão à solta os mais loucos conspiradores de Lisboa. Não sei se o bas-fond decidiu atacar tudo e todos ao mesmo tempo ou se a tough season entrou em pleno. Talvez sejam apenas os meus neurónios a pedirem um descanso em off-shore.





Too much information running through my brain. Insomnia.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

New York, I love you but you're bringing me down


New York, I Love You But You're Bringing Me Down, LCD Soundsystem






New York, I love you
But you're bringing me down
New York, I love you
But you're bringing me down

Like a rat in a cage
Pulling minimum wage
New York, I love you
But you're bringing me down

New York, you're safer
And you're wasting my time
Our records all show
You are filthy but fine

But they shuttered your stores
When you opened the doors
To the cops who were bored
Once they'd run out of crime

New York, you're perfect
Don't please don't change a thing
Your mild billionaire mayor's
Now convinced he's a king

And so the boring collect
I mean all disrespect
In the neighborhood bars
I'd once dreamt I would drink

New York, I love you
But you're freaking me out
There's a ton of the twist
But we're fresh out of shout

Like a death in the hall
That you hear through your wall
New York, I love you
But you're freaking me out

New York, I love you
But you're bringing me down
New York, I love you
But you're bringing me down

Like a death of the heart
Jesus, where do I start?
But you're still the one pool
Where I'd happily drown

And oh
Take me off your mailing list
For kids who think it still exists
Yes, for those who think it still exists

Maybe I'm wrong
And maybe you're right
Maybe I'm wrong
And maybe you're right

Maybe you're right
Maybe I'm wrong
And just maybe you're right

And oh
Maybe mother told you true
And there'll always be something there for you
And you'll never be alone

But maybe she's wrong
Maybe I'm right
And just maybe she's wrong

Maybe she's wrong
And maybe I'm right
And if so, is there
If so

domingo, 14 de setembro de 2014

Ao Absurdo

Nas primeiras vezes que saí à noite, guiada pelo meu irmão, fui ao Absurdo. Era ao Absurdo que queria ir nas primeiras guerras de adolescente, quando nem sempre os meus pais me deixavam sair. Ali ia com as minhas amigas e amigos para as noites loucas do Absurdo. A noite não começava ali, mas passava sempre por ali. Nem marcávamos local. "Encontramo-nos logo, lá?". Ou em plena Avenida, alguém perguntava: "já passaste por lá?" Claro. "Lá" era sinónimo de "Absurdo". 

Ali tive os meus primeiros namoricos. Ali ouvi as melhores músicas pela primeira vez. Ali cantei e dancei como se não houvesse amanhã. É um grande bar. Um espaço de amigos e convívio que agora fecha portas, quase ao fim de trinta anos. Em festa, a animar almas, desde 1988! 

O "Absurdo" vai fechar. O "meu Bar" vai fechar portas na próxima semana. O Absurdo, a par do saudoso Seagull, foi onde sempre mais gostei de sair à noite em Setúbal. Como diz o outro, "fui tão feliz no Absurdo"... Tantos e tantos anos...

A última vez que estive com o Tileu foi no Absurdo. O meu querido Tileu, amigo bom que já morreu. Dançámos e rimos tanto nessa última noite. 

As festas do volley. Imaginem uma equipa de mulheres adolescentes a celebrar vitórias e a amargurar derrotas no Absurdo. Uma festa. E as coreografias das danças. E as vozes de coro. E os discos pedidos. 

Tenho as melhores memórias das noites mais divertidas. Os Carnavais, as festas temáticas, as sextas, os sábados, os verões, a música, a animação, os sorrisos, os abraços, os amigos, os tombos, os degraus, as pistolas de água, o balcão, os espelhos, os brindes, os shots, o gin tónico quando ainda não estava na moda, todas as festas, a originalidade, os wc mais espectaculares, os porteiros, os barmen, tudo...

Obrigada por tudo! 

Merecem um enorme aplauso de pé por tamanha dedicação. Todos, mas principalmente o Espanhol (o "DDT"!) e o Jovi (Jovi Zind' House), o histórico e resistente DJ. 

Foi bonita a festa, pá! 



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O Animal Social Democrata

O momento de descontracção aconteceu ao quinto dia da Universidade de Verão do PSD. Estava calor, um dia cheio de sol em Castelo de Vide e na véspera havia começado a Feira Medieval.

O Eurodeputado do PSD Carlos Coelho apresentava aos alunos da Universidade de Verão o perfil do orador dessa manhã, Joaquim Azevedo, que ia falar sobre natalidade. Para além do currículo académico e profissional, aqui é tradição revelar alguns dados mais pessoais de cada convidado, tais como livros e filmes preferidos, hobbies, etc.

Na mesa, para além do convidado e do próprio Carlos Coelho, estava Hugo Soares, Deputado, Vice-Presidente do Grupo Parlamentar Social Democrata e Presidente da JSD. E, perante o convidado, os jornalistas e uma centena de alunos, Carlos Coelho disse o seguinte: 

"O nosso convidado de hoje tem como hobby desenhar; o livro que nos sugere é "Quem não espera desespera"; a comida preferida, o arroz; o filme, "África Minha"; o animal preferido, todos... Temos aqui um homem eclético no que respeita aos animais..."
(uma pausa, um pequeno gaguejo e recomeça com um sorriso)
"Até gosta do Hugo Soares..."
(risos na sala)
"E a qualidade que mais aprecia é a bondade. Portanto, para nos falar sobre "Portugal envelhecido, promover a natalidade", Professor Doutor Joaquim Azevedo."

É claro que os alunos riram. Terão tomado nota. Não é todos os dias que ouvem um guru laranja, europeísta, cheio de piada, chamar "animal" a um companheiro. Mas a Universidade é isto mesmo: criar pensamento, produzir doutrina, abrir novos horizontes.

Audio para ouvir aqui


domingo, 31 de agosto de 2014

Hoje tenho o mundo ao contrário

Quero escrever Milão, escrevo limão.
Quero escrever calçado, escrevo dalçaco.
Quero escrever crianças, escrevo crinaças.
Quero escrever Europa, escrevo Eupora.
Quero escrever leva, escrevo vela.
Quero escrever Israel, escrevo Isreal.
Quero escrever Palestina, escrevo Pastelina.
Quero escrever, escrevo esvrecer.
Hoje tenho o mundo ao conrátrio.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Sócrates bem conservado

Na lata está escrito que o prazo de validade é até 2019. Ainda dá, afinal, para mais uma legislatura. Ao que parece está bem conservado e pode ser consumido sem restrições. Acho que vou comer o Sócrates.


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Regresso de férias

Regressei hoje ao trabalho depois das férias de verão. Apesar da inércia sazonal, que me levou a vociferar contra o despertador, regressei com um sorriso nos lábios. Sabe bem voltar, mesmo a uma redacção depenada e emagrecida à força.  



terça-feira, 19 de agosto de 2014

Dos Heróis

Faz hoje onze anos que o Sérgio Vieira de Mello morreu num atentado no Iraque. Conheci-o em Timor-Leste e aprendi a reconhecer que ainda havia Heróis. Recebi, naquela tarde tórrida de Agosto, o terrível telefonema a avisar-me do atentado. Desde então, até hoje, quase continuo a não querer acreditar. Saudades, querido Sérgio...


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Confissões de Silly Season

Tenho de fazer uma confissão. Sou uma dependente da informação. Não sei se isto se cura, já tentei várias terapias mas sinto que de ano para ano os sintomas se vão agravando. Talvez precise de ajuda especializada…

Ora vejamos. Se houvesse uma especialidade médica, um Senhor Doutor, que curasse dependentes de notícias e de informação, começaria por revelar-lhe alguns sintomas.

- Olhe, Sôtor, eu não sei se isto vai ser fácil, mas há indícios que eu penso que o Sôtor tem mesmo de saber. Eu, pelo menos, acho que isto não é normal.

- Então diga lá. O que é que sente?

- Olhe, um dia destes, em plena auto-estrada do Sul, parei à meia-noite e meia numa estação de serviço para tomar um café, e tive de pedir ao funcionário para aumentar o volume do televisor porque estavam a analisar uma decisão do Tribunal Constitucional. Resta dizer, Sôtor, que eu estava em pleno período de férias. Bem sei que, tendo-me apercebido que se tratava de um debate na Sic Notícias, devia ter virado a cara e evitado continuar exposta à informação. Mas não consegui…

- Humm… Isso é grave. E que mais sintomas manifesta?

- Ontem uns amigos contavam uma anedota enquanto almoçávamos. Acredita que assim que falaram em “Sócrates”, perguntei se se referiam ao antigo Primeiro-Ministro? Devo estar doente. Olharam para mim como se eu fosse um extraterrestre. Claro que não, estavam a falar de filósofos.

- Humm… Pois, isso também não é bom. Está a afunilar referências…

- Sinto-me mal, sabe? Quando estou com pessoas que não são jornalistas ou estão fora do meio político, não posso dizer as mesmas piadas, compreende? Não posso fazer trocadilhos sobre o Seguro e o Costa. Não posso dizer simplesmente a palavra “Passos”, perguntam logo: “qual Passos? O do Café?” Não posso falar simplesmente de Belém sem que pensem que estou a falar dos Pastéis ou do Belenenses. Compreende? Isto é uma enorme angústia… 

- Mas vê e lê tudo?! 

- Quase tudo, sim. Ouço noticiários, leio jornais. Até imprensa internacional, imagine...

- E que mais? Perdeu o apetite?

- Bem, isso não Sôtor. Também não exagere. Para comer e beber ainda estou bem.

- Mas consegue alimentar-se sem estar acompanhada por notícias?

[Silêncio]

- Hummm… Pois… O seu caso é sério…

- O que devo fazer, Sôtor?

- Bem, vou prescrever-lhe aqui uns comprimidos anti-notícias. Tem de tomar todos os dias pelo menos uma vez por dia até ao fim das suas férias. Todos os dias sem falhar.

- Muito bem. Obrigada Sôtor. Vou fazer isso, sim. E acha que devo tomá-los antes ou depois de ver o Telejornal? Ou é preferível logo de manhã ao pequeno-almoço durante a leitura dos jornais?





terça-feira, 5 de agosto de 2014

Ando pelo mundo

Ando pelo mundo
Não presto atenção
Às músicas que não entendo 
Ando pelo mundo 
Estrada fora
Mundo dentro


terça-feira, 29 de julho de 2014

Notícias ao balcão

Há dias em que a redacção parece um snack-bar ou um café. Nestes, ouve-se o ruído do moinho a moer café, há o som dos motores das arcas frigoríficas, há o som das máquinas que gelam a imperial, o som dos talheres que caem, o fervilhar de pessoas que entram e saem, os saltos altos das senhoras na pedra gasta do chão, o som metálico da colher que mexe o café ou o galão. Os empregados de balcão gritam uns com os outros: “sai mais um café” ou “é uma tosta mista” ou “dá-me dois rissóis de camarão”.
Na redacção é quase o mesmo. Há o som de fundo, sempre presente, da minha rádio, há o som das televisões, fixadas na parede, ligadas em simultâneo. Há o som das impressoras a soltar o noticiário que vai para o ar daí a segundos, há o som dos dedos ágeis, tão rápidos, nos teclados dos computadores, há pessoas ao telefone, há telemóveis que tocam. Há o técnico de som que grita do estúdio: “a peça da Ju está montada e pronta para entrar! Faz refresh!”. Grita-se na redacção como quem pede mais uma sandes mista, de forma quase igualmente mecânica: “olha mais um ataque em Gaza” ou “passa-me o João para directo” ou “tira-me aí o som do Cavaco” ou “és a abrir!”.
Os dias na minha redacção são de burburinho e correria. Servem-se notícias ao balcão. De fugida. À pressa. Como num café. Mas sem clientes. 



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Banda sonora do dia

Banda sonora do dia. Ouvi hoje de manhã na Antena 1 (Miguel Esteves Cardoso).



I remember when I was a little girl, our house caught on fire
I'll never forget the look on my father's face as he gathered me up
In his arms and raced through the burning building out to the pavement
And I stood there shivering in my pajamas
And watched the whole world go up in flames
And when it was all over I said to myself
"Is that all there is to a fire?"
Is that all there is, is that all there is?
If that's all there is my friends, then let's keep dancing
Let's break out the booze and have a ball
If that's all there is

And when I was 12 years old, my daddy took me to the circus
The greatest show on earth
There were clowns and elephants and dancing bears
And a beautiful lady in pink tights flew high above our heads
And as I sat there watching
I had the feeling that something was missing
I don't know what, but when it was all over
I said to myself, "Is that all there is to the circus?"
Is that all there is, is that all there is?
If that's all there is my friends, then let's keep dancing
Let's break out the booze and have a ball
If that's all there is

And then I fell in love
With the most wonderful boy in the world
We'd take long walks down by the river, or just sit for hours
Gazing into each other's eyes, we were so very much in love
And then one day, he went away and I thought I'd die, but I didn't
And when I didn't, I said to myself, "Is that all there is to love?"

Is that all there is, is that all there is?
If that's all there is my friends, then let's keep
I know what you must be saying to yourselves
If that's the way she feels about it, why doesn't she just end it all?
Oh, no, not me, I'm not ready for that final disappointment
'Cause I know, just as well as I'm standing here talking to you
That when that final moment comes and I'm breathing my last breath
I'll be saying to myself
Is that all there is, is that all there is?
If that's all there is my friends, then let's keep dancing
Let's break out the booze and have a ball
If that's all there is

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Sobrevivência

O darwinismo social está mais vivo do que nunca. Ou és o melhor ou morres. Sendo que o conceito de "o melhor" é altamente subjectivo. Podes ser o melhor a engraxar o chefe e assim serás verdadeiramente "o melhor". Se fores o melhor a trabalhar e incomodares o chefe, serás "o pior" - o verme a extinguir, o cancro que prejudica a evolução dos melhores.

Os melhores são os mais capazes. E, nestes novos tempos de darwinismo social, os melhores sobrevivem sempre. Saem sempre bem. Por cima. Em cima dos outros.

Os darwinistas sociais estão a liderar as organizações. Mas nunca ouviram sequer falar em Darwin. Ou terão ouvido vagamente. Porque nunca o estudaram, nem percebem o alcance. Porque nunca leram história, nem história social, nem sociologia, nem história económica, nem política social, nem políticas públicas, nem antropologia cultural, nem filosofia, nem psicologia social, nem sociologia urbana, nem demografia, nem ecologia, nem história das ideias políticas, nem direito, nem direito constitucional, nem direitos humanos, nem quaisquer outras ciências sociais. Porque isso não é ensinado nos MBA's (os que os têm, os que os compraram).

Os darwinistas sociais que estão a liderar as organizações e a sociedade não têm a noção de que a luta pela sobrevivência individualista vai matar a própria sociedade. Não sabem porque não páram para pensar no que estão a fazer. Não sabem que por detrás da competição individualista estão tiques de autoritarismo e de deriva anti-social, que podem culminar numa luta extrema pela sobrevivência. No limite, há-de matá-los também.

Os darwinistas sociais não querem pensar nas consequências dos seus actos. Pensar fá-los perder tempo. Não querem perder tempo no que pode estar para vir. Porque acham que os fracos nunca vão ter força para os derrubar. Os fracos, mesmo muitos, não constituem ameaça. Porque dos fracos, pensam eles, não reza a história. Mas os fracos são cada vez mais. E eles não sabem disso, porque não páram para pensar.

Os darwinistas sociais fazem o seu trabalho. Limpinho. O das saídas limpas ou o das negociações sujas. O que interessa é fazer o que tem que ser feito. Com dor, reconhecem falsamente combalidos, mas é o que tem que ser feito. Não se incomodam com os que ficam pelo caminho. Mesmo sendo pessoas. Porque os que ficam pelo caminho são os fracos.

A sociedade não quer saber dos fracos. Os darwinistas sociais estão de consciência tranquila. Fizeram o que tinha de ser feito. Fazem o que tem de ser feito. Se a natureza não elimina os fracos por si só, nós os fortes fazemos o que tem de ser feito. Seus fracos, orientem-se. Façam-se à vida. Morram. Longe.










terça-feira, 3 de junho de 2014

Fontes políticas... De notas falsas

As caixas multibanco têm mecanismos anti-roubo para evitarem que, uma vez roubadas as notas, o dinheiro circule impunemente. Para isso, perante o assalto, a máquina dispara automaticamente uma tinta vermelha de modo a tingir as notas que, uma vez pintadas, ficam inutilizadas.

Ora, no jornalismo devia haver mecanismos semelhantes.

Sempre houve fontes e jornalistas e sempre houve fluxo de informação com maior ou menor atrito, mas estas são as regras do jogo. Nem sempre a relação é fácil, mas não é isso que está em análise neste texto.

Por estes dias, em plena crise do PS e em pleno ataque do Governo ao Tribunal Constitucional, como acontece sempre em momentos de maior nervosismo político, vários protagonistas e actores políticos querem “meter na imprensa” as suas histórias. Ou as suas versões dos factos.

Porém, na maior parte dos casos, o que se constata é que fazem da imprensa e dos jornalistas apenas o amplificador das suas mensagens, o altifalante das suas convicções, os transmissores das suas opiniões, os moços dos recados das suas intenções.

É curioso verificar como, apesar de tudo, ainda há quem consiga dar a golpada e usar a imprensa para publicar informação que, na maior parte dos casos, é apenas tralha para confundir as pessoas e espuma encardida sob a forma de notícia.

Há expressões ou palavras facilmente identificáveis nesses textos. Deixaram uma marca. Ficam impressas as marcas digitais das “fontes” que tentaram (e conseguiram) vender essas “notícias”.

As fontes podiam ser mais criativas, por exemplo, ao não repetirem “chavões” a vários jornalistas, sob pena de, após a publicação, todos saberem quem são uns e quem são outros. E os jornalistas deviam ser mais exigentes e fazer o seu trabalho, em vez de publicarem "sem tirar nem pôr" a história tal como lhes foi passada.

É nesses momentos que devia haver um sistema de alarme semelhante ao das caixas multibanco. Deviam ser accionados mecanismos de alerta automáticos também na imprensa. Desse modo, essas "notícias" seriam tingidas com uma indisfarçável mancha vermelha, para todos os leitores saberem que ali houve um assalto. De ética.


domingo, 1 de junho de 2014

Livros gulosos

Inês e a mãe. Fim de tarde. Alto do Parque Eduardo Sétimo. Lisboa.
- Oh, mamã... Só mais este.
E a mãe respondia, embaraçada perante a senhora que as mirava do lado de trás do balcão.
- Não pode ser, querida. Já levas três.
- Mas tu prometeste, mamã... Hoje é o dia da criança... Disseste que eu podia escolher. Tu disseste. Tu prometeste.
A mãe, surpreendida com a capacidade de argumentação da criança, não teve resposta pronta.
- Vês, vês, tu sabes que eu tenho razão - insistiu a criança perante a nesga de parte fraca involuntariamente mostrada pela mãe.
- Inês... Mas tu já escolheste, filha. Essa é a tua prenda. Aliás, já tens aí três livros. São três prendas!
- Oh, mamãzinha... Só mais este.
O "mamãzinha" demoliu a frágil barreira que ainda existia na racionalidade emocional daquela mãe. Afinal, a criança não pedia doces. Pedia livros. A senhora do lado de trás do balão sorria.
A mãe da Inês não aguentou.
- Vá, só mais este. Tu realmente...
A criança deu um pequeno grito de alegria.
- És a maior, mamãzinha! Obrigada mamãzinha!
Estava tão feliz. Creio que a mãe também.
Há quem peça livros como quem pede doces. Que maravilhosa guloseima...


Fotografia de Ana Catarina Santos, Feira do Livro 2014



sábado, 31 de maio de 2014

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Furto? Não. Roubo, porque é com violência!

IRS concluído e entregue (submetido, como dizem os tipos das finanças). Dói-me a alma... É trabalhar para pagar impostos... A que horas parte o próximo vôo de emigração?


Imagem sacada d'A Viagem dos Argonautas