sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Amigando


Não é fácil fazermos amigos.
Os nossos amigos são feitos nos tempos da escola, quando não há preconceitos nem segundas intenções. São feitos no bairro, quando corremos, brincamos e começamos a descobrir o mundo juntos. Os nossos amigos são feitos na faculdade, quando apanhamos os primeiros embates da vida.
Até aí não conhecemos inimigos propriamente ditos. Há gente de quem não gostamos, é certo, mas não há inimigos. Esses só aparecem na nossa vida mais tarde, quando começamos a trabalhar. Aí conhecemos a competição, a inveja, a maldade, enfim, o mundo real.
O trabalho raramente nos traz amigos. Raramente. Não é fácil mas às vezes traz.
Mas a culpa é toda nossa.
Não estamos disponíveis para fazer novos amigos. Somos desconfiados das intenções dos outros e o pretexto de não termos tempo é sempre uma boa desculpa.
Se um homem quer ser amigo de uma mulher, desconfiamos das suas intenções: “sei bem o que ele quer”. Se uma mulher quer aproximar-se de um homem, “olha, olha…” (olhos arregalados e sorriso malandro). Se uma mulher quer ser amiga de outra mulher, a desconfiança pelo menos quintuplica. “Olha-me esta! O que é que esta quer?”. Desconfiança e maldade que não tínhamos nos tempos da escola, do bairro, da faculdade. Porque estávamos disponíveis para a amizade.
Construímos redes de contactos virtuais, construímos uma imagem que queremos projectar, construímos networking, construímos ideias, construímos negócios, estudamos teambuilding para as empresas mas esquecemos que também temos que construir a amizade. Disponibilidade para a amizade, vontade e acção.
Tenho uma amiga recente. Não custou nada. E estou tão feliz por isso. 



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