Não é fácil fazermos amigos.
Os nossos amigos são feitos nos tempos da escola, quando não
há preconceitos nem segundas intenções. São feitos no bairro, quando corremos,
brincamos e começamos a descobrir o mundo juntos. Os nossos amigos são feitos
na faculdade, quando apanhamos os primeiros embates da vida.
Até aí não conhecemos inimigos propriamente ditos. Há gente
de quem não gostamos, é certo, mas não há inimigos. Esses só aparecem na nossa
vida mais tarde, quando começamos a trabalhar. Aí conhecemos a competição, a
inveja, a maldade, enfim, o mundo real.
O trabalho raramente nos traz amigos. Raramente. Não é fácil
mas às vezes traz.
Mas a culpa é toda nossa.
Não estamos disponíveis para fazer novos amigos. Somos desconfiados
das intenções dos outros e o pretexto de não termos tempo é sempre uma boa desculpa.
Se um homem quer ser amigo de uma mulher, desconfiamos das
suas intenções: “sei bem o que ele quer”. Se uma mulher quer aproximar-se de um
homem, “olha, olha…” (olhos arregalados e sorriso malandro). Se uma mulher quer
ser amiga de outra mulher, a desconfiança pelo menos quintuplica. “Olha-me
esta! O que é que esta quer?”. Desconfiança e maldade que não tínhamos nos
tempos da escola, do bairro, da faculdade. Porque estávamos disponíveis para a
amizade.
Construímos redes de contactos virtuais, construímos uma
imagem que queremos projectar, construímos networking, construímos ideias,
construímos negócios, estudamos teambuilding para as empresas mas esquecemos
que também temos que construir a amizade. Disponibilidade para a amizade, vontade
e acção.
Tenho uma amiga recente. Não custou nada. E estou tão feliz
por isso.
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