sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

BES 4 You, Mister Prime Minister

Reparem nesta pérola que estava na empresa que Passos Coelho visitou hoje. 200 perguntas sobre o BES e 52 cartas. Serão as de Ricardo Salgado?
BES 4 you, Mister Prime Minister...



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Da selvajaria ou a savana à portuguesa

Vinham em barda. Corriam como búfalos na savana. Cabos e microfones. Câmaras de televisão e flashes de fotografia. Saltos altos, mini-saias. Pastas e pastinhas. Assessores para dar e vender. Seguranças de auricular no ouvido. Altos, atentos. Cada Ministro e Secretário de Estado fazia-se acompanhar pela sua tropa. Era um enxame de abelhas à volta de um homem. Encontrões para cá, encontrões para lá. Pisadelas e amassos. “Céus, parece uma acção de campanha!”, desabafavam alguns.

O homem dos holofotes parava nos pontos estrategicamente indicados na lista pré-definida. A senhora baixinha da BTL, com uma pasta na mão, trazia um mapa fotocopiado com a planta da feira. Os stands estavam assinalados com marcador grosso cor-de-laranja. Era onde o homem dos holofotes teria de parar, nos stands “recomendados”. As abordagens friendly resultam sempre muito naturais, acreditam eles.

Os jornalistas, triste figura, atrás da “boca” de circunstância. Que mensagem informativa se passa com este tipo de trabalho? Enfim. Vinham em barda, sim. Corriam como búfalos na savana, sim. Agora uma pergunta de circunstância: “então não prova os doces, senhor Primeiro-Ministro?” E a resposta de circunstância. Vazia. E seguia a banda. E agora outra pergunta de circunstância, mas – importante - para o directo da tv. Ajeita o cabelo, sabe que está na tela. Estridente a perguntinha: “e tem motivos para brindar? Vai brindar ao quê, Senhor Primeiro-Ministro?” Gargalhadinhas dos assessores e daquele amontoado de gente. E a resposta vazia. E mais uns empurrões. E segue a banda.

O gabinete do PM tinha avisado que ele não iria falar com a imprensa à margem do tema do dia, o Turismo. Falaria no palanque sobre isso e mais nada. Era a informação oficial do gabinete. Mas das duas uma: ou o PM não sabia disto, ou não cumpriu o estipulado.

Conhecendo as falhas na comunicação do gabinete do chefe do Governo de Portugal, os jornalistas, ou pelo menos os que por ali andavam de microfone estendido debaixo do queixo do homem como que à espera da esmola da boca vazia, insistiam.

E não é que entre os queijos de São Jorge, as cortiças do Alentejo e os tamancos do Minho o homem falou sobre o Plano Grego apresentado em Bruxelas? E não é que com os dedos peganhentos da Ginginha e à frente do boneco cabeçudo do Galo de Barcelos, o homem falou sobre a Grécia? Não é inacreditável? Não há sentido de Estado na savana.

Não sei o que é pior. Se a barda de jornalistas a prestarem-se a esta figura ou se o homem dos holofotes a prestar-se àquilo. Venha o diabo e escolha.

Siga a banda. Em barda, como eles gostam. “Para parecermos muitos”.






sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sonho silencioso


Há menos de dois anos estive no Japão. Foi a viagem da minha vida. Hoje acordei lá. Sonhei que estava no Japão. Talvez em Kyoto, era lugar incerto. Havia cores, havia imagens, telhados, casas, memórias misturadas talvez. Havia jardins, palácios, árvores. Havia plantas, flores, pedras, pontes, caminhos, trilhos. Sim, havia trilhos estreitos. Seguros, esverdeados, húmidos. E eu por ali andava, em silêncio, em paz. Não havia pessoas. Ou se havia, estavam caladas a observar-me. O sonho silencioso do Japão voltou a atacar-me.



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Dedos petulantes

É nas épocas de aperto que maior é a minha necessidade de escrever. É quando não tenho tempo para nada que os meus dedos me pedem descanso do trabalho e visitas à escrita.
É quando passo mais horas ao computador que mais sinto necessidade de vir visitar-te, querido Diário. Esta mania terrível de os meus dedos tomarem conta de mim, de abusarem do meu tempo, de dominarem a minha vontade... Irritam-me vocês! Sim, os dez. Seus dedos petulantes!
Agora, que já arejaram, importam-se de me deixar voltar ao recato do trabalho?